quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Desde que se lançou como cantora, em 1964, Maria Bethânia abre sua sensibilidade para interpretar a alma brasileira. Irrepreensível e cada vez mais determinada e rígida nas suas intenções, ao longo de décadas a baiana cunhou vários álbuns imprescindíveis a qualquer boa discoteca. Bethânia internacionaliza a brasilidade de seus discos com a qualidade de intérprete singular, fazendo leituras personalizadas de clássicos, dando voz a novos talentos da composição ou simplesmente recriando com jinga e paixão versões de músicas estrangeiras que permanecem no imaginário popular. Sempre surpreendente, a cantora faz agora uma viagem conceitual pela cultura brasileira, lapidando suas riquezas sonoras no CD Brasileirinho. É um trabalho que busca a essência popular nacional, descoberta numa altivez que só Maria Bethânia é capaz de revelar. Salve as folhas, faixa de abertura, é quase uma peça erudita concebida pelo arranjo de Marco Antônio Guimarães, do grupomineiro Uakti, que empresta a delicadeza de seu conjunto percussivo, com instrumentos feitos de tubos de PVC e acrescido de violões. Completa o clima de nobreza popular o poeta maranhense Ferreira Gullar declamando trecho do poema O descobrimento, do paulistano Mário de Andrade, que reflete sobre as diferenças e semelhanças entre os brasileiros dos vários extremos do País. Nesta canção, ineditamente Bethânia explora os agudos de uma voz de potência normalmente grave. Yayá massemba é um samba de malemolência afro, criado pela elegantíssima percussão de Marcelo Costa, pelo baixo de Jorge Helder e pelos violão e viola de Jaime Alem, músicos participantes de 11 das 12 faixas do disco. São apenas duas canções como exemplo, mas que resumem uma das melhores interpretações dos vários regionalismos brasileiros.Apoenan Rodrigues

Um comentário:

Anônimo disse...

adorei essa reportagem, faça mais postagem dela.